A infraestrutura da religião: materialidade e significado no planeamento urbano comum

Resumo

Este artigo baseia-se na viragem infraestrutural dos estudos urbanos para explorar as materialidades profanas que permitem formas particulares de religião urbana. Partindo do pressuposto de que as cidades são configurações de espaços, actores e materialidades caracterizadas por modos de pertença dominantes, definições hegemónicas de espaço público e disposições hierárquicas de usos espaciais, as infra-estruturas são centrais para as fundações materiais das cidades. Com base numa investigação etnográfica na Cidade do Cabo, desenvolvi a noção de „infraestruturação da religião“ como um novo modo de espacialização da religião. As práticas infra-estruturais atraem a vida religiosa para o

 domínio profano do urbanismo comum, onde os significados religiosos colidem com máquinas de burocratização, investimentos divergentes em espaços escassos e economias criminosas. Defendo que a infraestrutura é um complemento importante da arquitetura e do place-making, conceitos até agora dominantes na análise da religião urbana.